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 Exposição IT´S NOT PERSONAL , IT´S DRAG! - Artista Suriani  

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A TAG Gallery se monta para apresentar o artista SURIANI , aka Suriani Street Art , e a expo IT´S NOT PERSONAL , IT´S DRAG! , leia o incrivel texto do Vitor Angelo

É mulher?

Esta é a primeira pergunta que vem à cabeça quando nos deparamos com as drag queens de Rafael Suriani. A dúvida e o inesperado são amigos da arte. Sim, é mulher e também não é. A ambiguidade também sempre faz bem à criação artística.

A questão de parecer algo, se revelar outro e, por que não, além do outro está no cerne da arte de Suriani. Ela já estava rascunhada nos seus trabalhos anteriores com seres antropomórficos (mulheres com cabeça de pavão ou homens com rosto de gata). E também no seu fazer específico: parece grafite, mas também não o é, na forma “stricto sensu”. A street art do ex-estudante de arquitetura e urbanismo se faz através da pintura e colagem. Mas o resultado colado nas ruas das cidades faz a gente primeiramente se perguntar: É grafite? 

E como resolver a nem sempre fácil transposição de levar a arte de rua para a galeria sem perder suas características mais vivas? No caso do artista, ele já faz pintura, algo que as galerias têm como morada e lugar certo, mas como fica a vitalidade da rua, já que o espaço é outro? Rafael resolve este problema com uma solução da própria pintura: a relação fundo-figura. Ele cria a atmosfera do caos e da beleza das ruas através de colagem de cartazes, pintura em spray, ranhuras no fundo da tela. Novamente se apresenta a questão de parecer algo, se revelar outro e, ainda, além do outro.

Este jogo de alargar e borrar fronteiras (seja entre gêneros, identidades e formas e espaços artísticos) fica agora mais claro no trabalho do artista. Ele se apresenta nitidamente desenhado e exposto por suas drags, andróginos e intersexuais, em síntese de algo que questiona os limites do feminino e do masculino. Uma de seus modelos é Conchita Wurst, que venceu Festival Eurovisão da Canção de 2014, e o artista a “grafitou”, nas ruas de Paris, com o look que ela desfilou em uma coleção de Jean-Paul Gualtier. Ela exemplifica o gesto também político do artista, pois Conchita é feminina mas, ao mesmo tempo, apresenta uma barba muito bem feita e ganha ainda mais dignidade na arte de Suriani.

Desde Keith Haring, nos Estados Unidos e, de forma mais tímida e implícita, Alex Vallauri, no Brasil, nos anos 1980, que a atitude afirmativa da arte de rua para com os LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) estava quase que esquecida. Suriani reatualiza esta questão através de suas drags, que fizeram muito sucesso no país nos anos 90 com a cena clubber e agora ganham novo fôlego no mundo todo com o reality de RuPaul, que já está em sua sétima temporada. Mas para além, e sempre existe o para além quando falamos da arte de Suriani, as drags são apenas o batom do pensamento do artista, o make up completo vem com a presença de figuras andróginas e, aí sim, tornam-se visíveis, em sua arte, a importância da ambiguidade, do transgênero e da individualidade. 

Novamente é através de seu fazer artístico que Suriani nos deixa de olhos bem abertos para a relevância da questão da individualidade (na arte e na vida e na arte-vida). Se cada drag é uma, se cada trans é um, também cada street art, cada quadro (no caso da exposição feita na TAG Gallery, em São Paulo) feito por ele é único, pois é uma pintura, não se esqueçam. A individualidade, signo essencial da liberdade, da liberdade sexual e dos LGBTs, está contida e presente na forma e no conteúdo da arte de Suriani. 

Texto por: Vitor Angelo.

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